Estamos visualizando inúmeras reportagens que enfatizam os modelos de gestão sem a existência ou um papel formal de gestor ou chefe. Esses novos conceitos surgiram da expansão das empresas de tecnologia que estão se destacando mundialmente pela inovação em seus produtos e serviços, mas principalmente pelos seus ganhos financeiros.

Um exemplo deste cenário é a Tesla, uma empresa de 14 anos que fabrica e comercializa em todo o mundo menos de 100 mil carros/ano, valer mais que empresas centenárias como a Ford e a GM, que vendem em média 6 milhões e 10 milhões de carros/ano respectivamente.

Então o que faz destas empresas como Apple, Google, Tesla, Microsoft, Amazon e Facebook, atingirem níveis de resultado tão rápido e representativo? A resposta está na forma de funcionamento da gestão de seus negócios.

Estas e outras centenas de empresas espalhadas pelo mundo, desenvolveram diversos modelos de gestão com Horizontal, Sociocracia, Colaborativa, Holocracia, Sistêmica, Orgânica ou Dragon Dreaming e, a partir da análise e comparação modelos é possível identificar características essenciais e funcionais, que podem ser adotadas por qualquer modelo de gestão.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O SISTEMA TRADICIONAL E OS NOVOS MODELOS

As empresas tradicionais vêm de um modelo mecanicista, no qual tudo é determinado, para cada problema só existe uma causa, em um raciocínio linear. Refletindo nas empresas em um sistema de gestão por controle. Por que se os resultados podem ser pré-determinados, o que resta é defini-los e controlá-los para garantir que o resultado seja atingido, como 1+1 é igual a 2.

Funcionando em um sistema altamente hierarquizado, onde quem determina o que, como, onde e quem é a Alta gestão, que posteriormente informa o restante da empresa para a sua execução, onde as pessoas são os recursos, para executar a tarefa em horário e regras rigidamente estabelecidas.

A questão é que esse sistema funcionou muito bem, para a forma como a nossa sociedade estava estruturada até o fim do século XX. Hoje vivemos em uma sociedade mais complexa e imprevisível do que era antes, onde a incerteza é a regra não mais a exceção.

E para atender esse novo cenário está sendo utilizado como base para todos esses novos modelos de gestão, o modelo biológico, com base nas teorias do caos, complexidade e incerteza entre outros. Que trabalha em uma visão aberta, inclusiva, participativa e colaborativa.

Saindo de uma posição, eu faço para atender meu chefe, para, eu faço meu melhor para atender o todo. No qual as pessoas deixam de ser um recurso e passam ser parte integrante que constroem através de seu conhecimento e habilidades o recurso a ser utilizado ou comercializado.

Antes as pessoas trabalhavam em horários determinados, após o horário do expediente  iam embora ter uma vida pessoal, existindo uma separação. Hoje com os smartphones e demais tecnologias, essa distinção do que é profissional e pessoal, praticamente deixou de existir, por esse motivo as gerações mais novas desconhecem o significado da palavra carreira, pois para elas tudo faz parte de uma coisa só, a vida delas.

As empresas deixam de ter departamentos e áreas definidas como comercial, financeiro, logística, compras, engenharia, etc. O que existe são pessoas de diferentes áreas do conhecimento, produzindo de forma compartilhada um único resultado, ampliando com isso o envolvimento e comprometimento da própria equipe.

DICAS PARA A INCLUSÃO DESTES NOVOS MODELOS NA SUA EMPRESA

  1. Faça uma análise do papel da própria empresa, porque a empresa existe? O que a empresa quer proporcionar?  E não me refiro do ponto de vista do mercado, mas da visão interna de porque as pessoas querem trabalhar aqui e para isso é necessário observar o foco da organização, se a empresa tem um foco de Eficiência, Financeiro, Mercado, Poder (Status/Cargo), Desenvolvimento Humano ou Contribuição.

Não existe problema algum em ser uma organização que busca resultado financeiro para a vida do funcionário, o importante é que o discurso e a prática sejam coerentes, não adianta falar em reuniões gerais, com um discurso de que a empresa preocupa-se com a qualidade de vida do funcionário, se no dia-a-dia só se fala em resultado no fim da linha.

  1. Qual o nível de consciência das pessoas que trabalham nesta organização, elas estão prontas? Se não estão, que preparação e capacitação será feita? Qual é a estrutura de organograma que será utilizado? É necessário implementar em toda a empresa?  Quais serão as novas formas de avaliação de desempenho e remuneração? Que fases serão estabelecidas para realizar essa transição?
  2. Foque na preparação dos aspectos comportamentais, pois durante toda a nossa vida fomos doutrinados pelos nosso pais, passando pelos nossos professores e por último chefes, a ideia de autoridade em um padrão de obediência. Essa preparação é essencial para que possamos sair da cultura do espectador, onde as pessoas são reativas, para um posicionamento ativo e responsável.
  3. É imprescindível que as pessoas devam estar compostas por pequenas comunidades que estarão conectadas com o todo. Essa estrutura é fundamental para a construção da relação de uma equipe, para que assim, as pessoas vivam um sentimento de pertencimento e possam de forma conjunta e autônoma, encontrar soluções para os problemas, tomar decisões e inovar.

RESUMO

O principal paradigma desses novos sistemas de gestão é estar saindo de uma mentalidade de controle e comando, em uma via de mão única, onde eu que sei, você faz o que eu mando. E incluir uma relação de mão dupla no qual o gestor passa a ser mais um consultor e apoiador da equipe, em uma mentalidade de autonomia e independência. Onde predominam a confiança entre as pessoas e a liberdade com responsabilidade, para que não acabe transformando-se uma anarquia ou um clube da piscina.

Todas essas ideias, modelos e formas de relacionar-se, propõem mudanças que envolvem desde questões burocráticas como por exemplo um novo organograma, como também físicas na distribuição das pessoas ou um novo layout. Mas tudo isso, é somente a forma, do que as pessoas conseguem ver.

Por que o verdadeiro resultado está contido, na maior intensidade e conexão entre as pessoas, que possibilita rápidas respostas e uma verificação imediata de seus impactos. Onde em um único momento é possível analisar o que está dando de errado, propor soluções e implementá-las, produzindo os resultados exponenciais em seus aspectos econômicos, sociais ou humanos que todos esperam.

Autor: Daniel Fünkler Borelli

2 Comments

  1. Olá diria eu que esses aspectos até são bem aceitáveis, desde que a empresa esteja se preparando para assumir essas novas propostas (realidade para alguns já). essa horizontalização de gestão para pessoas e processos para a maioria das empresas brasileiras demandará tempo… já que sem recursos implementar soluções avançadas sem o investimento adequado em pessoas e sistemas poderá acabar como os conceitos da “Reengenharia” aplicada no Brasil no final dos anos 1990, pouco efetiva ! sucesso a todos, ótimo texto!

    Alexandre Bertotti da Silva

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