Existem inúmeras respostas para essa questão, deste motivos sociais e econômicos, como as mudanças geracionais e seus diferentes valores e interesses, e começando a fase adulta depois dos 30 anos. Até demográficos, como a maior concentração da população na fase adulta, trazendo de volta ao mercado de trabalho pessoas já aposentadas.  

A transformação das necessidades é evidente, há 30 anos atrás, a maioria das pessoas nos grandes centros urbanos trabalhavam para garantir comida e um lugar para dormir, as necessidades básicas, como salário e segurança no emprego eram primordiais. Hoje em dia, à medida que  as pessoas buscaram em suas vidas pessoais atividades de lazer, viagens, viver diferentes experiências, muitos funcionários procuraram significado, propósito e realização no trabalho.

Entretanto, todos esses são elementos fora do controle da empresa, estando além da contribuição e atuação do seu campo de influência e atuação. O que existe são elementos reais ao alcance do ambiente das empresas, inseridos em suas culturas, que fazem parte da normalidade do trabalho.

Segundo uma pesquisa da FlexJobs e publicada na site da Harvard Bussiness Raview,
com 2.600 trabalhadores, 42%  das pessoas disseram que estavam pensando seriamente em deixar seus empregos e 20% apontaram que se demitiram recentemente. Outro estudo com 2017 pessoas aqui do Brasil, feito pela Infojobs e HR Tech e publicado na revista Exame 86% dos funcionários mudariam de emprego por buscar melhoria em sua saúde mental. Isso reforça quão sistêmico é o problema dentro das empresa o que prejudica a satisfação e engajamento das pessoas e resultado na baixa qualidade das entregas e resultados superficiais ou ínfimo da empresa.

A causa da toxicidade

A resposta a essa questão está em diversas pesquisas que apontam os motivos pelos quais as pessoas pedem demissão. Conforme uma pesquisa do MIT com 1,3 milhão de pessoas, utilizando dados de avaliações do Glassdoor, foram identificados cinco motivos: desrespeito, ambiente não inclusivo, comportamento antiético, competição acirrada e intimidação.

Dados já do Brasil e divulgados pelo Valor Econômico, com quase 400 mil pessoas, mostram que os pedidos de demissão estão vinculados à empresa, como feedbacks negativos da equipe, busca de equilíbrio na vida pessoal e problemas de remuneração, sendo as principais razões com índices de 50%, 46% e 41%, respectivamente.

Somando esses estudos e outras situações relatadas por centenas de pessoas que participaram dos programas de desenvolvimento de liderança e gestão que conduzo, temos as mais prováveis causas: comunicação deficiente, desrespeito, ambiente não inclusivo, cobranças fora do horário, má gestão, conflitos constantes, clima de medo, problemas de saúde mental e física, cultura da culpa, estresse excessivo, falta de reconhecimento e ausência de confiança.

Comunicação deficiente: Falta de diálogo claro e aberto entre colegas e gestores, com problemas não sendo abordados de forma direta, tudo é velado, resultando em um ambiente de trabalho onde fofocas são comuns e o falso consenso é prevalente.

Incivilidade e desrespeito: Desconsideração pelas ideias e opiniões, até comportamentos humilhantes e de exclusão, evidenciados por falas rudes, sarcasmo e intimidação pública, demonstrando falta de consideração pelo ser humano e suas necessidades e sentimentos.

Cobrança fora de horário: Recebe constantes mensagens ou ligações do chefe nos momentos de descanso e folga, para tirar duvidas ou cobranças, não respeitando os limites.

Má gestão: Liderança e gestão despreparadas, que não praticam a delegação assertiva, não fornecem feedback e não desenvolvem planos que alinhem carreira e vida dos liderados, não direcionam as equipes nem estabelecem acordos e combinados, não permitindo diálogo franco e aberto, o que resulta em uma sensação de injustiça optando por uma postura de coação e autoritarismo.

Ambiente não inclusivo: Comportamentos de exclusão e assédio evidenciando em uma mentalidade patriarcal presente nas promoções e oportunidades nas empresas e também discriminando ou intimidando aqueles que são diferentes do grupo predominante na empresa.

Cultura de culpa: Onde a mentalidade fixa, linear e estagnada se faz presente, culminando em uma cultura de culpar constantemente os funcionários por erros ou fracassos, e não em promover a aprendizagem e o crescimento das pessoas e entendendo que são as condições e circunstancias que devem ser corrigidas, pois são elas que criam os elementos para que os erro e os problemas surjam.

Estresse excessivo: Uma coisa é estimular e encorajar o que as pessoas a alcancem o seu melhor, outra coisa é extrair como se fossem laranjas e deixar as pessoas só o bagaço. Demandando das pessoas tarefas, sem proporcionar as condições necessárias, com equipamentos, materiais, treinamento e orientação para que elas possam fazer o que são demandas, sem as corretas condições internas e externas os funcionários estão constantemente estressados, sobrecarregados tendo dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional.

Falta de reconhecimento: Tem pessoas que não querem crescer na organização, mas querem ser valorizadas quando entregam um trabalho além do simples que seu esforço e empenho do trabalho extra e entrega diferenciada seja reconhecido. Contudo, com a mentalidade dos gestores que “as pessoas já são pagas para fazer o seu trabalho” minam a motivação e o esforço extra que os funcionários podem realizar, por não serem reconhecidos ou recompensados de forma justa, trazendo a sensação de tanto faz ou nada acontece se fizer mais ou menos.

Conflitos constantes: Se ocorrem conflitos e brigas entre colegas de trabalho, gestores ou departamentos, isso pode indicar a ausência de uma visão compartilhada, onde cada parte considera seu processo ou função como o mais importante. Isso pode ser exacerbado por problemas com indicadores divergentes ou sobreposições, onde as decisões de uma área impactam diretamente nos resultados da outra. Além disso, a falta de limites, responsabilidade e a ausência de elementos e rotinas para lidar construtivamente com os problemas e as relações podem agravar a situação.

Clima de medo: Onde os funcionários têm medo de expressar suas opiniões, preocupações e sentimentos, por receio de retaliação, sabotagem, constrangimento ou exclusão por parte da equipe e da liderança.

Problemas de saúde mental e física: Se os funcionários estão sofrendo de problemas de saúde mental ou física como ansiedade, depressão, burnout ou problemas de saúde relacionados ao estresse dores crônicas nas costas, estômagos, garganta e cabeça, estando presente nos índices de afastamento e ausência dos colaboradores ou a normalização do uso de medicamentos para lidar com problemas de saúde.

Ausência de confiança: A ausência de características como segurança psicológica, confiança, bem-estar emocional, empatia e colaboração, resultam em problema que as pessoas não conseguem pedir ajuda, falem o que está errado, não acreditar que seu colega vai fazer o que combinaram, necessidade de registrar tudo e criar sistemas de controle e trancas em tudo e todos.

Consequências de um problema

Os efeitos destes problemas da toxicidade nas empresas apresentam alguns sintomas como as pessoas burlarem procedimentos, envio excessivo de e-mails e mensagens, não realizarem suas entregas, ficarem presas a inúmeras reuniões, assuntos não se resolvem e os prazos não são cumpridos. Há também um aumento no absenteísmo e na rotatividade de funcionários, refletindo em uma queda na qualidade do trabalho e na produtividade geral da empresa.

Isso é evidenciado por três índices o aumento constante de casos de afastamento por doença relacionando a incapacidade mental, representando a segunda causa desde 2017. Outro ponto é o crescimento repetitivo dos pedidos de demissão conforme divulgado na CNN Brasil com base os dados do Ministério do Trabalho, o Brasil teve 21,5 milhões de desligamentos em 2023, sendo 7,3 milhões a pedido do trabalhador, o que equivale a 34% do total, o que em comparação à 2021 representou um aumento de 30% do número absoluto de pedido do trabalhador.

O que, por consequência, também afeta outro índice importante, o da produtividade brasileira que está em queda acumulada de 10,6% entre o terceiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2023, conforme dados da CNI, mesmo com o grande número de ferramentas de produtividade e gestão do tempo que existem disponíveis atualmente.

 Conclusão

Como mencionado anteriormente, a negligência em lidar com os problemas de um ambiente de trabalho tóxico pode resultar em consequências significativas para a empresa. Além das fofocas, rivalidades e falta de cooperação que corroem o clima organizacional, a imagem da empresa é manchada, levando à perda de clientes e dificuldade em atrair talentos qualificados.

No entanto, a verdadeira consequência é está constantemente lidando com funcionários desmotivados, subqualificados e despreparados para liderar e entregar resultados. Já que os melhores funcionários já estão trabalhando em ambientes que esses problemas não são presentes. Como costumo dizer em minhas reflexões,

“Se a liderança não investir tempo em seus liderados, eles irão roubar seu tempo de outra forma.”

Se as empresas não abordarem essas questões de forma proativa, enfrentarão um futuro incerto, com uma equipe incapaz de cumprir compromissos e alcançar os resultados necessários para a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo.

Quer saber se você vive em um ambiente tóxico, responda a teste clicando no link abaixo:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeDmcu0J3F4TgQuKXfeIuw-HqhjmSIRjvSjywwtAbNkAxhc6w/viewform?usp=sf_link

Autor: Daniel Fünkler Borelli

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