Assunto: Liderança, Gestão de Pessoas. Tempo de leitura: 06 minutos

Nos últimos anos, as empresas têm enfrentado uma crescente dificuldade em encontrar líderes e gestores aptos a sustentar a continuidade e o crescimento das empresas. Isso se reflete na dificuldade das empresas em encontrar talentos; uma pesquisa de 2024 da ManpowerGroup sobre escassez de talentos descobriu que 80% dos empregadores do Brasil têm dificuldades em encontrar pessoas para os cargos. Esse desafio reflete uma interseção de problemas que permeiam o cenário contemporâneo.

Desde a máquina a vapor até a inteligência artificial, a rápida mudança na sociedade e a concorrência global acirrada estão colocando as organizações diante de uma complexidade sem precedentes. Isso está levando a uma mudança nas expectativas em torno do papel dos líderes, exigindo mais do que habilidades de gestão de processo e produto, mas sim uma visão estratégica e adaptável, capacidade inspiradora para liderar e mobilizar pessoas e iniciativa para enfrentar desafios.

Somando-se a essas mudanças externas que as empresas estão enfrentando, a razão desse afastamento das pessoas do papel de liderança ocorre porque as pessoas não querem mais viver uma vida em que precisem trabalhar inúmeras horas ou depender de medicamentos, como Venvanse, Ritalina, Prozaq, Amytril, entre outros, para acordar, manter o foco ou dormir, a fim de suportar a pressão e a sobrecarga de trabalho. As empresas perpetuam esse comportamento ao compensar as ineficiências e a ausência de planejamento, estruturas, processos e sistemas por meio do esforço e sofrimento das pessoas, principalmente daqueles que exercem o papel de liderança.

Esses cenários não são isolados, pois, conforme uma pesquisa da FGV de 2022, em parceria com as empresas Talenses e Gympass, 43% das pessoas se sentem sobrecarregadas, o que está minando não apenas a capacidade de inovação e crescimento das empresas, mas também o clima da empresa e comprometendo a sustentabilidade a longo prazo. Outro motivo que está contribuindo é a mudança geracional e econômica, que está impactando nas diferentes necessidades do que, por exemplo, a liderança busca. Uma pesquisa da The School of Life, em parceria com a Robert Half, de 2023, com mais de 620 líderes, mostra que o ambiente de trabalho é mais importante que o salário.

Diante desse contexto, é crucial que as empresas adotem uma abordagem proativa para enfrentar esses problemas, identificando e desenvolvendo talentos internos, implementando estratégias de gestão eficazes e promovendo uma cultura organizacional que cuide do bem-estar das pessoas e valorize o crescimento pessoal e profissional. Como cita Brian Kropp:

“Costumávamos pensar em nossos funcionários como as pessoas que trabalham para nós. Se as pagássemos, estava tudo certo. Agora, há seres humanos trabalhando para nós. Funcionários e pessoas são coisas separadas. Nossos funcionários tem uma vida, e o trabalho é um subcomponente dela. Como podemos ajuda-los a ter uma vida melhor, e não apenas um trabalho melhor.”

Neste artigo, examinaremos mais de perto estratégias práticas para superar esses obstáculos e construir uma liderança sólida e transformacional. Ao fazer isso, espero oferecer insights valiosos e orientação para ajudar as empresas a navegar com sucesso por esse ambiente complexo e dinâmico, garantindo seu crescimento e perpetuação.

Crie comitês de identificação de talento

  • Forme comitês compostos por líderes seniores, gerentes de departamento e profissionais de recursos humanos para identificar talentos internos.
  • Esses comitês devem se reunir regularmente para revisar o desempenho dos funcionários, identificar habilidades de liderança e potencial de crescimento.
  • Incentive a cultura de reconhecimento e indicação de talentos, promovendo a indicação de colegas que demonstrem habilidades de liderança e potencial de crescimento inserindo em programas de desenvolvimento.

Projetos de educação e desenvolvimento

Na jornada de desenvolvimento de líderes, é crucial investir no aprimoramento das habilidades essenciais para liderança. Isso envolve não apenas habilidades técnicas (hard skills), mas também habilidades interpessoais e sistêmicas (soft skills), e até mesmo habilidades intrínsecas, como autoconhecimento e inteligência emocional (inner skills). Através de programas estruturantes de desenvolvimento, as empresas capacitam indivíduos com as ferramentas necessárias para se tornarem líderes efetivos em um ambiente caótico e complexo.

Investir no desenvolvimento dessas habilidades não é apenas investir nas pessoas, mas também no sucesso sustentável da organização. Além disso, o desenvolvimento dessas competências facilita a transição de indivíduos altamente técnicos para cargos de liderança. Ao oferecer treinamentos focados em soft skills, hard skills e inner skills, as empresas preparam esses futuros líderes e gestores para enfrentar os desafios de forma eficaz, resultando em um impacto positivo na performance das equipes e no desempenho da empresa.

Cultura de crescimento e progressão na carreira

  • Valorize uma cultura organizacional que promova o crescimento e a progressão na carreira, implementando políticas de promoção interna a partir de uma estruturação clara da jornada profissional, conhecido como plano de carreira, as pessoas tenham clareza onde estejam na organização caminhos para se chegar as cargos de liderança da empresa.
  • Líderes devem criar um ambiente onde os funcionários se sintam incentivados a buscar oportunidades de desenvolvimento e assumir novos desafios, utilizando de forma massiva práticas de reconhecimento, mostrando que o esforço vale a pena.

Plano de desenvolvimento

O Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) ou o método Feedforward são ferramentas valiosas para impulsionar o desenvolvimento de potenciais lideranças. Ao estabelecer metas claras e específicas para o crescimento profissional e pessoal, o PDI oferece uma estrutura para os líderes em formação identificarem suas áreas de melhoria e oportunidades de desenvolvimento. Além disso, estimular o constante busca de feedback de seus lideres, mentores e colegas de diferentes áreas, os indivíduos podem aprimorar suas habilidades de liderança, aprender a lidar com desafios e fortalecer suas competências interpessoais.

Quem cuida da liderança

  • Importância de criar programas de cuidado da liderança, como grupos de escuta e dialogo sobre sentimentos e dificuldades enfrentadas dentro do ambiente de trabalho.
  • Oferecer subsídios ou reembolsos para atividades relacionadas ao bem-estar, como academia, aulas de yoga, aulas de culinária, dança, pintura, entre outros.
  • Disponibilizar serviços de saúde mental, como aconselhamento psicológico ou terapia, para ajudar os líderes a lidar com o estresse e os desafios do trabalho.
  • Oferecer horários de trabalho flexíveis ou a opção de trabalhar remotamente para permitir que os líderes equilibrem melhor suas vidas pessoais e profissionais.
  • Implementar políticas de licença parental estendida ou sabática remunerada para permitir que os líderes tirem um tempo para cuidar de suas famílias ou se dedicarem a projetos pessoais.

Diante das estratégias e ferramentas discutidas, surge uma reflexão crucial para líderes e gestores: estão eles efetivamente preparando suas empresas ou equipes para o processo sucessório? A identificação e desenvolvimento de líderes internos não apenas garantem a continuidade e o crescimento organizacional, mas também fortalecem e motivam as equipes e impulsionam a inovação. Portanto, é imperativo que os líderes ajam de forma proativa, investindo no crescimento e desenvolvimento dos talentos internos para assegurar não só o sucesso presente, mas também a viabilidade sustentável do futuro das organizações.

Autor: Daniel Fünkler Borelli

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