Assunto: Cultura e Gestão de Pessoas          Tempo de leitura de 4 minutos

O maior aprendizado que tive na Tailândia foi o significado da palavra trabalho. Já que para os tailandeses trabalho não tem forma, local ou hora para acontecer.

Na Tailândia você não vê pessoas mendigando, mas sim trabalhando, já que o trabalho é ponto fundamental em suas vidas. Isso provém do entendimento e da cultura da autoresponsabilização, para que uma pessoa possa sobreviver, viver e se desenvolver ela depende da atitude do querer de uma única pessoa, ela mesma. Diferente do paternalismo que se vê em nossa sociedade ocidental.

Essa compreensão de que o trabalho é algo complementar em suas vidas, pode ser vista nas ruas onde as pessoas trabalham junto de suas famílias, com o seu comércio dentro da casa aonde moram ou com suas barraquinhas sobre rodas.

Deste modo não existe horário ou local determinado para trabalhar, o trabalho simplesmente é algo somado às suas vidas. Realmente é impressionante ver que, para eles o trabalho não é um problema, sofrimento ou martírio. Para essas pessoas é algo natural que faz parte da vida.

Entretanto o ponto que mais chamou minha atenção foi ver o real valor e impacto do trabalho, já que para eles o trabalho não tem forma. Por exemplo, você não irá ver um policial somente fiscalizando trânsito ou averiguando a situações de suspeitos, você verá policiais ajudando a limpar e organizar as ruas, conversando com as pessoas de forma amistosa e acolhedora.

Ou um motorista que ajuda proativamente outras pessoas mesmo que não sejam de seus ônibus e não tenha ‘nada a ganhar’ com essa atitude numa visão ocidental. Isso mostra que para eles não existe

“Eu só sou motorista, eu só dirijo.”

Eles tem naturalmente uma visão mais ampla do impacto de suas ações, que ultrapassa a separaçāo pessoal e profissional. Pois não é porque não é o meu serviço ou não é da minha área que não irei fazer, se está ao meu alcance e posso fazer então eu simplesmente faço, simplesmente por que é o certo e não porque alguém mandou ou porque minha função ou cargo diz que é para fazer.

Estabelecer a visão global dos impactos das ações individuais, não se restringindo à uma função no papel de profissional, mas especialmente como ser humano. Cultivar essa cultura do fazer não importando quando, onde e para quem, potencializa os ganhos não somente de uma empresa, mas também da relação entre as pessoas e do bem estar individual, por proporcionar o sentimento de estar contribuindo, fazendo parte de algo, impactando positivamente e de modo imediato.

Segundo o autor de inúmeros best-sellers e pesquisador Daniel Pink e o ex-vice-presidente de desenvolvimento do Linkedin e atual líder de desenvolvimento do Google Fred Kofman, o comprometimento acontece quando a pessoa se sente atendida em quatro fatores de motivação intrínseca, ou seja, internos do ser humano que se referem a elementos de sentido, moralidade, pertencimento e liberdade.

  • Propósito:  a razão de ser, o que dá sentido à vida, um senso de finalidade no que se faz. Que propicie um senso de importância, tendo o sentimento de estar fazendo a diferença no mundo ou a alguém.
  • Princípios: integridade, moralidade e dignidade. Sendo justo, verdadeiro e coerente ao que acredita e faz.
  • Pessoas: pertencer a um grupo, reconhecendo-se como ser humano. Construir vínculos e conexões com respeito e apreço a quem faz parte da comunidade.
  • Autonomia: autodeterminar e controlar sua vida, tendo liberdade na forma de criar, fazer e concretizar. Em ambientes que propiciem o aprendizado e a realização.

Quando trabalhamos com a cultura do fazer as pessoas conseguem construir os elementos de propósito, princípios, pessoas e autonomia, que elas precisam e assim estarem engajadas e comprometidas com seu trabalho. Sem a percepção desses elementos intrínsecos, uma empresa terá somente pessoas insatisfeitas que cumprem seu horário e fazem as tarefas demandadas.

Autor: Daniel Fünkler Borelli

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One Comment

  1. Muito bom!!!

    Nos faz refletir principalmente nesses momentos de instabilidade o quão frágil e pobre de conhecimento é o ser humano no nosso pais, pois esses muitas vezes se deixam levar pelas mídias sociais (TELEVISÃO) que divulgam inverdades/contradições ao invés de orientar.

    Vivemos em um país que políticos prezam pelo poder, magistrados pelas regalias e a população menosprezada pela mídia social.

    Vamos lutar, acreditar e prezar por dias melhores.

    Grande abraço,

    Daniel Zanivan

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