Assunto: Gestão de Pessoas e Negócios Tempo de leitura: 7 minutos
A pandemia tornou claro o impacto econômico e social dos riscos ao capital humano e mostrou a importância da saúde e da contribuição dos funcionários para o sucesso dos negócios. Os líderes tendem a se afastar de sua longa obsessão por eficiência para garantir resiliência diante de um ambiente de contínua ruptura. As ações que as empresas adotam no presente para proteger, preservar e apoiar o valor do capital humano definirão seu êxito no longo prazo.
Listamos as cinco ações que as empresas precisam adotar para se diferenciar em um mundo que já não é mais o mesmo.
Reduzir incerteza
As empresas buscarão flexibilidade e agilidade no mundo pós-COVID-19, enquanto os empregados procuram certezas em meio à volatilidade e ruptura. As empresas que oferecem segurança por meio de comunicação, ações e desempenho desfrutam de uma vantagem competitiva para a atração e retenção de talentos, o que dá base para uma recuperação com maior velocidade. As empresas e setores que possuem maior nível de incerteza precisarão de ofertas mais robustas em remuneração, benefícios, desenvolvimento de carreira e cultura para mitigar os riscos percebidos pelos seus talentos.
No entanto, a certeza em um mundo volátil não é real. Somente as empresas mais capitalizadas e de segmentos menos sensíveis economicamente podem oferecer a ampla segurança desejada por empregados e demais stakeholders. Para a maioria das organizações – que não se enquadra nessa categoria – a capacidade de dar clareza e reduzir riscos na ausência de ‘certezas’ determinará quem irá vencer a guerra por talentos.
Mitigar o medo e a ansiedade
Muitos empregados irão perder amigos, colegas de trabalho e entes queridos durante a pandemia, gerando sensações como isolamento, solidão e ansiedade. Alguns terão síndrome de estresse pós-traumático e outros podem exibir fobias em torno da proximidade ou interação social.
Para atender às necessidades sobre a saúde mental dos empregados – tanto novas quanto anteriores à pandemia – as empresas precisarão aumentar substancialmente o acesso a serviços virtuais, no escritório e nos locais de trabalho. Além disso, elas também precisarão comunicar de forma efetiva a disponibilidade desses serviços e treinar seus gestores para reconhecer as necessidades emocionais da força de trabalho, tanto presencial quanto remotamente. Essas ações demonstram valorização do bem-estar da força de trabalho e ajudam a restaurar a saúde emocional e a segurança psicológica dos empregados. Como consequência, há impacto positivo na saúde física e no engajamento, o que leva a um retorno mais rápido à produtividade e ao valor gerado pela organização.
Evoluir para o trabalho exponencialmente flexível
O trabalho precisará ser exponencialmente flexível frente à imprevisibilidade na recuperação do ambiente de negócios, bem como para atender a crises futuras. Grandes áreas de trabalho e instalações físicas associadas devem ter prontidão para fechar ou abrir rapidamente, promover isolamento, modificar cronogramas de produção ou mudar para produtos alternativos, como por exemplo, produtos de higiene e equipamentos de saúde na situação atual.
Além disso, as formas de se executar o trabalho serão frequentemente direcionadas para modelos alternativos, como talentos contingentes (freelancers, por exemplo), terceirização, alianças com outras empresas e automação. Mudanças para proteger as cadeias de suprimentos serão particularmente importantes. Essa transição exigirá ampla e contínua requalificação de empregados e gestores, além da necessidade de redesenhar as funções para alinhar a automação ao trabalho humano, garantindo competitividade com operações de menor custo. Tais ações devem ocorrer de forma paralela às iniciativas para manter o trabalho e os profissionais em condição segura, como por exemplo, reconfigurar espaços de escritórios, horários alternados para acomodar o distanciamento físico e outros recursos de redução de risco.
Foco no propósito
Investidores, consumidores e empregados já haviam ampliado seu foco no propósito das organizações antes da pandemia. Houve um aumento dos investimentos de impacto (estimado entre 20-30 trilhões de dólares em ativos sob gestão global) e dos consumidores motivados por crenças (até dois terços dos consumidores, de acordo com alguns relatórios).
Além disso, os talentos são mais propensos a escolher e permanecer em organizações orientadas para propósito – que geralmente superam seus concorrentes em qualquer ambiente econômico. Especificamente, as empresas com maiores pontuações nos aspectos ambientais, sociais e de governança reduziram seus riscos e diferenciaram seu desempenho financeiro já nos estágios iniciais da COVID-19.
Questiona-se se este foco no propósito sobreviverá à pandemia – e o que já vemos são empresas dobrando suas apostas sobre o tema no ambiente atual. As empresas se beneficiam ao articular os seus próprios propósitos aos de seus funcionários, investidores e clientes, principalmente em situações de crise. Aquelas mais eficazes também tomam decisões difíceis e as comunicam prontamente, com transparência e de maneira consistente com seus propósitos e valores. Por exemplo, pode-se reduzir os benefícios para proteger os patamares salariais ou de cobertura de saúde ou ainda atrasar a concessão de méritos para diminuir o número de demissões.
Abordar os determinantes sociais da saúde
Minorias raciais e populações vulneráveis economicamente estão sofrendo de maneira desproporcional com a COVID-19 por sua maior propensão a serem expostas à doença, pelo histórico de enfermidades crônicas e pouco ou nenhum acesso a cuidados de saúde de qualidade.
O cenário da pandemia ressalta o papel que as empresas podem assumir na abordagem dos determinantes sociais da saúde, além de combater o racismo, os preconceitos e os estigmas em suas próprias forças de trabalho. À medida que emergem da crise, os principais empregadores usarão o desenho dos planos de benefícios, a comunicação e a análise de dados para abordar as disparidades de assistência à saúde em suas próprias populações. Aqueles que entendem o valor de uma força de trabalho diversificada e os benefícios sociais e econômicos da redução das desigualdades liderarão o caminho na criação de culturas de inclusão.
A pandemia é um momento decisivo para a liderança dos negócios globais. O mundo pós-COVID-19 terá uma aparência diferente e haverá uma enorme recompensa em entender e abordar o “novo normal”.
As empresas que prosperarem calibrarão com cuidado a nova equação do trabalho para obter flexibilidade, resiliência e sustentabilidade de seu capital humano.
Autores: John M. Bremen, Ravin Jesuthasan, Jeff Levin-Scherz
Link original: https://willistowerswatson.com/pt-BR/Insights/2020/05/five-ways-covid-19-will-forever-change-work#
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