Assunto: Gestão de Pessoas e Comportamento                                                             Tempo de leitura: 08 minutos

A inteligência emocional é apresentada de diversas formas, mas a que melhor traduz segundo Daniel Goleman, é a dos pesquisadores Peter Salovey e Jonh Mayer que descrevem a inteligência emocional em cinco características básicas: Conhecer as próprias emoções. Lidar com as suas emoções. Motivar-se. Reconhecer as emoções nos outros. Lidar com relacionamentos.

Existem diversos livros e artigos que orientam como uma pessoa pode administrar suas emoções, por exemplo, através de uma caminhada solitária ou anotação dos pensamentos críticos e hostis, para que você possa ver de outra perspectiva os pensamentos que te atormentam e tiram o seu melhor.

Porém não existem materiais que abordem como podemos aplicar a inteligência emocional no coletivo em nossas empresas e equipes e que vão além do aspecto individual. Deste modo compartilharei algumas das práticas mais aplicadas na gestão de pessoas e que irão facilitar o acolhimento emocional das pessoas de um modo mais sistêmico e assertivo.

Reuniões

Os momentos negativos mais impactantes que vivenciei profissionalmente foram em reuniões. Onde fui exposto a pessoas que estavam perturbadas emocionalmente por outros motivos e canalizavam sua insatisfação e irritabilidade em qualquer pessoa que estava presente na reunião.

Para auxiliar e minimizar momentos em que as pessoas estão instáveis emocionalmente por problemas que envolvem ou não o assunto da reunião, Brian J. Robertson, que desenvolveu o modelo de gestão Holocracia, estruturou uma etapa chamada Rodada de Check-in.

Funciona da seguinte forma: antes de iniciar a reunião com todos os participantes presentes é reservado um espaço para que todos os participantes compartilhem em 1 minuto, o que pode estar preocupando ou impedindo que sua atenção seja direcionada para o foco da reunião. Mesmo desconfortos que não envolvam o assunto da reunião.

Importante destacar que dentro do espaço de cada um a pessoa não poderá ser interrompida com perguntas ou acusações. Caso o assunto trazido na rodada do check-in seja relevante para o momento, o líder da reunião, a pessoa que levantou o incômodo e as outras pessoas da reunião devem decidir se o assunto entra na pauta da reunião ou será tratado em outro momento.

Deste modo os ânimos exaltados são minimizados, já que todos têm seu espaço para falar sobre o que os estão angustiando e assim a reunião poderá seguir seu curso sem grandes problemas.

Relacionamento da equipe

Algo que pode melhorar o ânimo das pessoas e auxiliar no desenvolvimento de uma relação emocional mais saudável entre os integrantes da equipe é estabelecer regularmente encontros para compartilhar histórias e acontecimentos.

Os encontros serão um momento que possibilitam a troca entre as pessoas, podendo ser feito nas seguintes temáticas:

  • Troca de histórias pessoais com temas definidos, como “Conte sobre o primeiro salário que você recebeu.” “Compartilhe momentos marcantes da sua vida.”
  • Homenagem ou Obrigado, pessoas compartilham um agradecimento por alguém do grupo que o ajudou ou que aprendeu algo e o porquê.
  • Bom e Novo com o bastão da fala em mão cada pessoa da equipe vai falar algo bom ou novo que ocorreu no dia anterior.

Esses encontros têm o objetivo de aproximar e facilitar a relação entre todos, cultivando um ambiente de mais empatia, por todos os integrantes da equipe. E assim minimizar e se possível eliminar as barreiras e resistências que existem entre as pessoas.

Tomar decisões

Como a neurociência já comprovou as nossas escolhas sempre serão emocionais, mas como então podemos diminuir essa influência e utilizar a inteligência emocional a nosso favor? Esta é a proposta que Bejamin Franklin explanou em uma carta ao seu sobrinho, que o orientou sobre como balizar uma decisão quando estamos envolvidos emocionalmente.

Esse balizar de uma decisão deve estabelecer uma base de critérios qualitativos e/ou quantitativos, utilizando assim de dados e fatos para uma decisão mais precisa. Deste modo é possível neutralizar qualquer influência emocional ou questionamentos infundados tanto individuais ou coletivos.

Quando nos deparamos com diversas opções para comprar algum equipamento, por exemplo, precisamos ter claro quais são os requisitos que necessitam ser avaliados ou que são imprescindíveis para o sucesso. Após definir os critérios estabeleça os pesos, por exemplo de 0 a 10, e assim após uma análise preencha a planilha com os pesos correspondente ao requisito avaliado.

Ao final você terá uma tabela que irá traduzir muitas vezes o que está no subjetivo e no emocional, de uma forma mais visível, plausível e racional as vantagens e desvantagens de cada opção e assim poder realizar a melhor decisão.

Solução de problemas

As equipes e empresas enfrentam grande dificuldade para encontrar a melhor solução. Isso acontece devido às distorções pessoais vinculadas ao cargo, o estado emocional e a afinidade e abertura que as pessoas têm com os colegas. Condições essas que influenciam a disposição das pessoas a exporem suas ideias ou essas ideias serem acolhidas pelas demais pessoas da equipe.

Para minimizar essas variáveis e poder encontrar e identificar as melhores alternativas para a solução de um problema, a melhor ferramenta que pode ser utilizada e que trouxeram grandes contribuições para todos os trabalhos que já desenvolvi foi a ferramenta de Construções de Ideias. Semelhante ao Brainstorm, devido a uma estrutura espontânea de ideais, ela se diferencia das demais, pois não existe a exposição de quem teve a ideia.

O processo é simples, as pessoas de forma individual fazem suas sugestões para a solução do problema, cada ideia sugerida deve estar em um pedaço de papel, sem identificação da pessoa que escreveu. Após todos terem feito as suas contribuições todos os papéis são colocados na mesma pilha. Em um segundo momento é feita uma triagem e descartados os itens que não atendam às seguintes perguntas:

  • Quais não se repetem?
  • Quais têm conexão com a solução do problema?
  • Quais são viáveis?
  • Quais das ideias irão se tornar ações?

Ao final você terá as soluções de maior potencial a serem aplicadas. Desta forma o processo de construção da solução de problemas se torna imparcial, devido a não existir uma pessoalização de quem teve a ideia ou rejeição por ser de alguém que não goste.

Avaliação de desempenho

Apesar de tratar de um aspecto mais individual do que coletivo, ainda assim envolve acolher e compreender a vulnerabilidade e volatilidade emocional do outro.

Como já mencionei em um vídeo chamado Avaliação de Desempenho não é Feedback, o momento da Avaliação de Desempenho ou como prefiro de chamar Plano de Desenvolvimento é um momento de ajudar e apoiar a outra pessoa a identificar suas limitações e dificuldades e estabelecer conjuntamente as ações para promover o crescimento da pessoa.

Para isso é importante ter perguntas e reflexões que abordem aspectos comportamentais, pois como já foi amplamente divulgado no passado em uma pesquisa pela FGV a cada 10 desligamentos 9 são por questões comportamentais.

Neste processo de desenvolvimento é relevante fazer questionamentos como: o que mais estressa essa pessoa?, quais as estratégias que ela usa para sair do estresse? ou qual é a maior motivação dessa pessoa? Perguntas que tratam dos aspectos emocionais tornam a pessoa mais consciente e menos vulnerável aos acontecimentos.

Ganhos

A aplicação destes e outras métodos irão ajudar no nível de satisfação e felicidade do funcionário, que conforme pesquisa mais recente mostram que funcionários felizes são 12% mais produtivos que os demais de acordo ao estudo da Universidade de Warwick no Reino Unido e da Universidade da Califórnia dos Estados Unidos, que constatou que funcionários mais satisfeitos com seu ambiente de trabalho, tem alta de 37% nas vendas e são três vezes mais criativos.

O processo de desenvolvimento da inteligência emocional começa de dentro para fora, mas se o ambiente e as condições não forem favoráveis, esse processo certamente será mais longo e trabalhoso para todos e isso inclui gestores, líderes e empresários, que dependeram, dependem e continuarão dependendo das pessoas para que as empresas funcionem e os resultados se concretizem.

Autor: Daniel Fünkler Borelli

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