Assunto: Cultura Organizacional Gestão da Mudança Tempo de leitura: 08 minutos

Descubra como superar a inércia e o fracasso à mudança e implementar transformações na empresa processos e cultura com sucesso, através de um modelo estruturado e eficaz de gestão da mudança.

A implementação eficaz de mudanças organizacionais é um desafio comum enfrentado pelas empresas. No entanto, compreender as razões pelas quais os esforços de transformação falham e conhecer as estratégias para superar a resistência à mudança pode aumentar significativamente as chances de sucesso. Neste artigo, exploraremos os motivos do fracasso dos esforços de transformação e discutiremos um modelo de nove etapas essenciais para uma gestão eficaz da mudança, bem como estratégias para lidar com a resistência à mudança e compreender as fases de adaptação das equipes. Através desse conhecimento, as organizações poderão enfrentar os desafios de uma transição organizacional e trilhar o caminho para um futuro mais promissor.

Por que os esforços de transformação falham:

Em seu artigo John P. Kotter, destaca algumas das principais razões pelas quais os esforços de transformação organizacional falhar, dentre eles estão:

  • Falta de uma visão clara: A ausência de uma visão clara e convincente para a mudança pode levar a um comprometimento insuficiente dos colaboradores e à falta de direção durante o processo de transformação.
  • Falha na criação de uma coalizão poderosa: É essencial construir uma equipe forte e coesa de líderes e agentes de mudança para impulsionar a transformação. A falta de liderança e de uma coalizão poderosa pode minar os esforços de mudança.
  • Comunicação inadequada: A falta de comunicação eficaz sobre a necessidade da mudança, seus objetivos e benefícios pode resultar em confusão, resistência e falta de apoio dos colaboradores.
  • Não lidar com a resistência à mudança: A resistência à mudança é comum e pode se manifestar de várias formas. Ignorar ou minimizar a resistência pode prejudicar os esforços de transformação. É necessário lidar de forma proativa com a resistência e engajar os colaboradores no processo de mudança.
  • Falta de vitórias de curto prazo: A ausência de resultados tangíveis e visíveis no início do processo de mudança pode minar a motivação e o entusiasmo dos colaboradores. É importante obter vitórias de curto prazo para demonstrar o progresso e gerar impulso para a transformação.

Esses pontos destacados no artigo de Kotter servem como alertas para as principais armadilhas que podem levar ao fracasso dos esforços de transformação organizacional. Reconhecer e abordar esses desafios pode ajudar as organizações a aumentar suas chances de sucesso na implementação da mudança.

Um processo estruturado para implementar a mudança organizacional

A implementação da mudança organizacional requer um processo estruturado e cuidadoso. Seguir uma série de passos pode ajudar a criar clareza, envolvimento e comprometimento entre as pessoas afetadas. A junção das ideias dos diferentes autores permite definir um padrão estruturado e robusto de implementação de processos de mudança organizacional em um modelo de nove etapas essenciais para uma gestão eficaz da mudança:

1º Passo: Estabelecer um senso de urgência: Criar uma compreensão de por que a mudança é necessária e urgente, a fim de motivar as pessoas a agir.

2º Passo: Definir uma equipe: Montar uma equipe transversal que esteja comprometida e com habilidades diversas para apoiar aspectos como treinamentos, gerar condições, tomar providências e impulsionar a mudança.

3º Passo: Criar uma visão compartilhada: Desenvolver colaborativamente uma visão clara com metas e objetivos, envolvendo as pessoas afetadas. Ouça suas opiniões, esclareça dúvidas e tome decisões coletivas para aumentar o engajamento e o comprometimento com a mudança.

4º Passo: Comunicar a visão: Transmitir a visão de forma consistente e envolvente para que todos os membros da organização possam compreendê-la e se alinhar a ela. Comunique de maneira transparente os motivos, objetivos e benefícios da mudança, evitando rumores e desinformações. Envolver as pessoas em todas as fases do processo e responder às suas preocupações é essencial.

“As pessoas gostam de mudar, o que elas não gostam é serem forçadas sem entender o porquê e o que elas tem a perder.”Patrícia Tavares

5º Passo: Empoderar  as pessoas: Preparar as pessoas e fornecer recursos para capacitar as pessoas a agir em direção à visão. Treine as pessoas para adquirir as competências necessárias para a mudança. A formação adequada é fundamental para garantir que estejam prontas para enfrentar os desafios.

6º Passo. Criar as condições para a mudança: Implemente estratégias, estruturas e execução adequadas. Revise e adapte os processos, materiais e equipamentos, estabeleça rotinas e reuniões para promover a colaboração e o alinhamento, e defina papéis e responsabilidades claramente. Estabelecer indicadores para as entregas e outras formas de monitorar o desempenho e o progresso da mudança.

“A cultura devora a estratégia no café da manhã”. – Peter Drucker

7º Passo: Exemplificar o novo modelo: É preciso que exista referência que exemplifique de forma prática a mudança almejada. Pequenas mudanças podem fazer a diferença. A liderança desempenha um papel fundamental na promoção de uma cultura de mudança positiva.

“A cultura é moldado pelo que a liderança permite.”

8º Passo: Celebrar as pequenas vitórias: Mudar a cultural é um processo cumulativo, um passo de cada vez, e cada passo deve ser celebrado para demonstrar a eficácia da mudança e construir um ambiente motivador à equipe. Recompensas tangíveis, como bônus e reconhecimento público aumentam o engajamento e a motivação.

9º Passo: Avaliar  o aprendizado: Avalie o progresso, identificar os obstáculos, avaliar alternativas, ajuste a abordagem conforme necessário e implementar novas ações, para garantir a transformação ao longo do tempo. A aprendizagem contínua é fundamental para uma gestão eficaz da mudança.

A gestão da mudança requer uma abordagem estruturada e cuidadosa. Seguindo os passos as organizações têm maior probabilidade de obter sucesso em seus esforços de mudança. Ao envolver as pessoas afetadas, promover uma cultura de participação e aprendizado, e fornecer o suporte necessário, a gestão da mudança pode se tornar uma oportunidade para o crescimento e o desenvolvimento organizacional.

Resistência à mudança

A resistência à mudança é um desafio comum durante processos de transformação organizacional. No entanto, existem estratégias complementares que podem ser adotadas para superar essa resistência. Aqui estão as estratégias eficazes:

Mapear e compreender a resistência: Identificar e compreender as possíveis fontes de resistência à mudança, tanto a nível individual como de grupos específicos dentro da organização.

Comunicação clara e transparente: Fornecer informações claras, detalhadas e transparentes sobre os motivos, objetivos, necessidades e benefícios da mudança, evitando fofocas e desinformações. Garantir que os colaboradores compreendam o propósito e a importância da mudança.

“Informações nunca são o bastante quando se trata de mudança.”

Construir uma rede de apoio: Engajar líderes e influenciadores-chave que atuem como defensores da mudança, inspirando e influenciando os colaboradores. Essa coalizão pode fornecer suporte e ajudar a dissipar a resistência por meio de sua influência positiva.

Criar um ambiente de relacionamento e participação: Estabelecer um ambiente de trabalho que promova a abertura, a confiança e o apoio mútuo durante a mudança. Incentivar o feedback e a participação dos colaboradores, permitindo que expressem suas preocupações, sugestões e ideias relacionadas à mudança.

Essas estratégias complementares podem ajudar a lidar com a resistência à mudança de maneira eficaz, promovendo uma implementação mais suave e bem-sucedida.

Fases de adaptação

Bruce Tuckman desenvolveu um modelo de fases de adaptação para equipes, que descreve as etapas pelas quais as equipes passam durante seu amadurecimento. O modelo é conhecido como a sequência de desenvolvimento em pequenos grupos e inclui as seguintes fases:

Formação – Outono: Assim como o outono marca o início de um período de transição entre o calor do verão e o frio do inverno, a fase de formação representa o começo da jornada em equipe. Nesse estágio, os membros estão se conhecendo e estabelecendo a dinâmica do grupo. O período de silêncio e introspecção pode ser comparado ao recolhimento das folhas das árvores durante o outono.

Conflito – Inverno: O inverno é uma estação marcada pelo frio, pelo clima desafiador e pela necessidade de superar as adversidades. Da mesma forma, a fase de conflito é caracterizada por diferenças de opinião, disputas e tensões dentro da equipe. Assim como a neblina do nevoeiro pode dificultar a visibilidade no inverno, o conflito pode obscurecer a clareza e a harmonia do trabalho em equipe.

Normatização – Primavera: A primavera é um período de renovação e crescimento. Da mesma forma, a fase de normatização representa o estabelecimento de normas e regras de comportamento, enquanto a equipe busca uma maior coesão e começa a se sentir mais confortável trabalhando em conjunto. A primavera também é conhecida pelo florescimento da natureza, simbolizando o desenvolvimento da equipe nessa fase.

Alto Desempenho – Verão: O verão é uma estação associada ao calor, ao sol brilhante e à produtividade. Assim como o verão é o ápice do crescimento na natureza, a fase de desempenho representa o momento em que a equipe alcança um alto nível de eficiência e produtividade. As relações são colaborativas, e os membros trabalham em harmonia para atingir os objetivos do grupo.

É importante ressaltar que nem todas as equipes passam por todas essas fases de maneira linear. Algumas equipes podem pular ou retroceder em determinadas fases, dependendo das circunstâncias e da dinâmica do grupo. No entanto, o modelo de Tuckman fornece uma estrutura útil para compreender a evolução das equipes ao longo do tempo.

Conclusão

A implementação de mudanças organizacionais eficazes é um desafio complexo por envolver diversos elementos, mas simples em sua estruturação e compreender as razões pelas quais os esforços da mudança falham e adotar estratégias adequadas pode aumentar as chances de sucesso. Ao seguir um processo estruturado, envolver as pessoas afetadas, gerenciar a resistência à mudança e conhecer e respeitar as fases de adaptação para equipes, as organizações podem promover uma implementação mais suave e bem-sucedida. A gestão da mudança não apenas permite a evolução organizacional, mas também pode ser uma oportunidade para o crescimento e o desenvolvimento das pessoas envolvidas.

Autor: Daniel Fünkler Borelli

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